Sou uma pessoa muito visual, a minha formação profissional passou sempre por cursos ligados à arte e aos têxteis, ainda assim sempre quis escrever. Tive o privilégio de ter um avô poeta, e há algo no texto escrito que me fascina.

Com o passar dos anos fui sempre tentando escrever em páginas pessoais, blogs, redes sociais, mas nunca tinha parado para pensar o que realmente me dava prazer. Não sou a pessoa mais culta no que diz respeito a literatura ou poesia, mas de facto sempre houve algo que me impulsionava a continuar.

Só ao fim destes anos, entre conversas com um amigo, é que entendi que sou apaixonado pela ideia da pessoa que o meu avô foi, a sua postura, a forma deliciosa como escolhia cada expressão, e sempre que escrevo há um suave reviver dessas memórias em mim. Descobri que tiro mais prazer da ideia de estar a escrever, do que do acto em si, e quantas coisas mais não são apenas isso?

Será que gosto de ir beber café à rua, ou apenas a ideia de ter esse hábito? Será que gosto mesmo de beber chá, ou gosto da ideia de apreciar um ritual de profunda atenção e delicadeza?

São questões e descobertas para ir respondendo ao longo da vida, não estando nenhuma delas errada, mas vão ficando mais conscientes e assumidas tal como são. Afinal eu não queria escrever, queria ser inspirador como ele foi para mim.

Depois de páginas e blogs adormecidos, finalmente o Atlas do ser tem sido a “melhor versão de mim mesmo”, e se assim é devo toda a inspiração a pessoas como o meu avô, assim como a todos os amigos que colocam as questões importantes em cima da mesa! Não sei se chegarei a ser essa pessoa que inspira os outros, mas continuarei a trabalhar para eu ser a pessoa que me inspira a mim mesmo.

Porque se não te inspirares a ti mesmo, como podes inspirar alguém?