Sou uma pessoa muito visual, a minha formação profissional passou sempre por cursos ligados à arte e aos têxteis, ainda assim sempre quis escrever. Tive o privilégio de ter um avô poeta, e há algo no texto escrito que me fascina.
Com o passar dos anos fui sempre tentando escrever em páginas pessoais, blogs, redes sociais, mas nunca tinha parado para pensar o que realmente me dava prazer. Não sou a pessoa mais culta no que diz respeito a literatura ou poesia, mas de facto sempre houve algo que me impulsionava a continuar.
Só ao fim destes anos, entre conversas com um amigo, é que entendi que sou apaixonado pela ideia da pessoa que o meu avô foi, a sua postura, a forma deliciosa como escolhia cada expressão, e sempre que escrevo há um suave reviver dessas memórias em mim. Descobri que tiro mais prazer da ideia de estar a escrever, do que do acto em si, e quantas coisas mais não são apenas isso?
Será que gosto de ir beber café à rua, ou apenas a ideia de ter esse hábito? Será que gosto mesmo de beber chá, ou gosto da ideia de apreciar um ritual de profunda atenção e delicadeza?
São questões e descobertas para ir respondendo ao longo da vida, não estando nenhuma delas errada, mas vão ficando mais conscientes e assumidas tal como são. Afinal eu não queria escrever, queria ser inspirador como ele foi para mim.
Depois de páginas e blogs adormecidos, finalmente o Atlas do ser tem sido a “melhor versão de mim mesmo”, e se assim é devo toda a inspiração a pessoas como o meu avô, assim como a todos os amigos que colocam as questões importantes em cima da mesa! Não sei se chegarei a ser essa pessoa que inspira os outros, mas continuarei a trabalhar para eu ser a pessoa que me inspira a mim mesmo.
Porque se não te inspirares a ti mesmo, como podes inspirar alguém?
Oh André! Que reflexão maravilhosa!
De facto, falaste no acto de ir tomar café e realmente, pensando bem, não só pelo café ….
E sim, digo-te eu, que não sei nada de nada, que és uma inspiração e que gosto muito deste cantinho do Atlas.
Talvez porque neste meu (re)início e (re)despertar, esteja também a aprender muitas coisas contigo.
Obrigada.
A marca que fica impressa em nós dos mestres queridos é indelével. O ritual, seja ele do café ou do chá, é o processo através do qual vivemos o momento, o saboreamos, mas sobretudo nos conseguimos abstrair dessa invenção a que chamamos tempo. Yohji Yamamoto diz que caminha de costas para o futuro tendo o passado como horizonte. É este horizonte sólido que nos permite pisar firme na vida.
Estas reflexões fazem falta à pressa do tempo.
e quando pões essa ideia de gostar em alguém? gosto mesmo de ti ou gosto muito da ideia de gostar de ti? às vezes dou por mim neste labirinto sem chegar a nenhuma conclusão. simplesmente se gosta, e pronto não se pensa mais nisso.
É um refrigério poder ler as tuas palavras, na medida da profundidade com que nos dás a mão e nos guias pelas tuas memórias, intuições e caminho de autodescoberta.
Há um cariz de leveza e vontade de crescer espelhado aqui.
Gratidão por isso. Deixo-te um Xi “queração” estelar.