Este é um dos temas mais falados no que toca a consultas com temas relacionais. Sempre que o ouvimos “essa é uma relação é kármica!” parece que aquela relação ganha um “peso” enorme, uma responsabilidade acrescida que o universo nos acabou de deixar nas mãos. Na realidade todas as nossas relações têm um propósito maior, para crescimento interno, uma aprendizagem, ou para serem ponte para novas pessoas na nossa vida, e por isso todas elas têm uma razão kármica para acontecerem.

Estou a falar de relações, mas é importante referir que para mim todos os laços relacionais são válidos. É tão importante ter uma relação íntima saudável, como amigos, ou até conhecidos! Não fazemos ideia muitas vezes da diferença que umas palavras simples a uma pessoa desconhecida podem fazer. Por isso pensa que até o total desconhecido que passa por ti e te indica um caminho, poderá ser “kármico”, no sentido em que poderia mesmo estar destinado a que aquela pessoa te indicasse um caminho, ou uma orientação em direcção a algo ou alguma coisa especial, destinada para ti.

O Karma não é algo estanque, ele está em constante transformação, ora porque saldamos antigas dívidas kármicas com o passado, ora porque nesta vida criamos novas dívidas. Muitas vezes, mais importante do que resolver questões antigas, é também não estar a criar novas. Sempre que alguém passa na vossa vida, mesmo que por breves instantes, permite que ela se afaste em gratidão, livre e sem nada por dizer/fazer. Por esse motivo eu não olho para o Karma como algo que está escrito para toda a vida, é de facto um conjunto de acontecimentos chave que podem acontecer, mais cedo ou mais tarde, e podem ser “re-escritos” se de facto outros processos pessoais forem sendo feitos.

Para todos os que trabalham directamente a ajudar pessoas este processo torna-se ainda mais intenso. Terapeutas, médicos, cuidadores, todos os que estão ao dispor dos outros, estão constantemente a facilitar esta libertação kármica, como também surgem mais hipóteses de criação de novos laços kármicos. É necessário cuidado redobrado na hora de receber e libertar todos os pacientes/clientes. Para curar questões kármicas é sempre necessário que exista com quem as curar, estamos a falar de relações, por isso todos que chegam a ti para serem curados/tratados/ajudados é porque noutra altura a situação já poderá ter sido a oposta. A ajuda, quando vem pedida do fundo do coração, nunca deverá ser negada.

Uma questão que também é muito recorrente é “esta pessoa já devia ter saído da minha vida, mas não a consigo libertar“, e nestes casos é necessário avaliar mais do que simplesmente o plano kármico de ambos, a vibração das outras pessoas podem manter-se no nosso campo vibracional durante algum tempo, como o rasto energético que todos vamos deixando por onde passamos, sendo que se existirem relações sexuais essa ligação pode manter-se durante meses. É aqui que situações como contacto telepático, sonhos e sensações sobre as outras pessoas são mais comuns quando os laços energéticos estão activos. Recomendo sempre que se façam algumas análises nesta fase.

O que ainda não resolvi com esta pessoa? Será que ainda há algo mais a falar/fazer? Será que este laço é apenas medo de abrir mão de algo? Há dificuldade de alguma das partes em trabalhar o desapego ou a força pessoal de afirmação? Terei alguma forma de ajudar esta pessoa a libertar-se por completo? Que mensagens estão para lá deste nosso contacto?

Isto são algumas das perguntas que poderás fazer aos teus guias, a um terapeuta, ou simplesmente ao universo. Existem muitas razões que levam a que alguém se ligue à nossa energia, uma coisa é certa, todas elas têm um papel ou papeis muito definidos, mesmo que para nós sejam apenas desconhecidos. Não conhecer o plano divino não nos retira dos processos dele.

Se sentes que há alguém que por algum motivo está muito ligado a ti, e que de alguma forma existe algo a fazer ou dizer, a primeira dica será sempre falar com a pessoa directamente. Mas bem sabemos que nem sempre isso é possível, nesses casos, meditem com ela, permitam o perdão mútuo e aceitação de que tudo o que podia ser feito aconteceu, tudo o que podia ser dito foi expressado.

Eu aceito todos os que me rodeiam e todos os seus processos sem julgar. Eu não preciso de os carregar às costas, mas se estão por perto é porque algo temos a aprender com eles.