Escrevo de forma muito suspeita esta publicação, pois tenho vários baralhos e a colecção está sempre a aumentar. Compro essencialmente por sentir uma afinidade enorme pelas várias formas de expressar mensagens similares. Cada autor vai usar símbolos e referências distintas, sendo assim bastante enriquecedor ver e analisar vários baralhos.

Escolher o primeiro baralho! É sempre um “momento importante”, sem dúvida, e vais ouvir muitas vezes “é o baralho que te escolhe a ti”. Acredito que há uma percentagem de magia nesta primeira escolha, irás ser encaminhad@ a um baralho, sem saber bem o motivo, mas se a escolha for mais consciente, aconselho a que escolhas os mais clássicos. Tanto o Rider-waite como o Marseille são boas opções pois vais encontrar diversos livros que os usam estes dois como referência para explicar tiragens e significados, tornando mais simples estudar cada um deles.

A escolha do primeiro baralho deve ser a mistura de uma simbologia clara e clássica com aquilo que a tua alma pede. O meu primeiro baralho foi o Fey Tarot, repleto de fadas e seres encantados, algo que sempre esteve presente no meu crescimento. Lembro-me de passar horas a desenhar à vista as imagens das cartas, para as entender melhor, para entrar em cada uma como um portal.

Pegando nesta última deixa, aqui ficam também algumas dicas para criar ligação com novos baralhos!

  • Limpa – a limpeza dos baralhos não é algo que a meu ver seja extremamente necessário, ou que precise de um ritual muito específico. Acredito que sendo um baralho novo, a sua energia é também bastante virgem. O acto de limpar e cuidar do baralho vai abrir as portas a ligação entre ti e as cartas. Prepara um ritual que te faça sentido para dar início a este processo. A limpeza poderá ser feita com incenso, cristais ou através de reiki por exemplo.
  • Medita – mais do que apenas limpar, a meu ver, é muito importante energizar e ancorar a nossa própria energia nas cartas. Medita com o teu baralho. Recomendo algo simples como fechar os olhos e simplesmente sentir o baralho nas mãos. Entende com a tua sensibilidade até onde podem ir juntos.
  • Observa – os símbolos escondem-se dentro de cada carta como se ela fosse um portal, para ver essas chaves visuais é necessário observar com extrema atenção. Reserva tempo para observa cada carta. Escreve, se for necessário, algumas notas pessoais sobre algumas das cartas.
  • Tempo – de modo a “falarem a mesma língua” é necessário algum tempo, para que ambos se entendam. Leva o baralho contigo ao longo do dia, tira uma carta de vez em quando, por exemplo. Começa por tirar apenas uma carta, sem perguntar nada, só para te ires habituando às imagens e à energia que elas transportam.
  • Perguntas – começa por perguntas curtas, coisas simples, ou apenas a pedir uma orientação diária. Ajuda caso gostes de escrever um “diário”, ir registando algumas mensagens deste baralho em particular.

Existe sempre espaço para novos baralhos! Eu gosto muito de colecionar baralhos porque adoro as variedades estéticas de cada um, mas para trabalhar com eles, utilizando-os em consulta, há outras particularidades. Consulta alguns baralhos e entende como alguns vão dar respostas ligeiramente diferentes. Uns podem falar mais sobre os contextos físicos/práticos, uns têm respostas muito assertivas, ou outros podem levantar questões de auto-conhecimento mais gerais ou até holísticas. Todas as variáveis são válidas! O trabalho de auto observação vai sempre acontecer, só muda a envolvência e deves encontrar aquela que mais se adequa a ti.

Uma questão que também me perguntam bastante é, “devemos comprar baralhos em segunda mão?“. Sim, eu não vejo mal nenhum, desde que as cartas não estejam demasiado utilizadas. Muita gente comprou baralhos que estão parados, simplesmente porque não sentem muita afinidade com o baralho e por isso ele está sem uso. Claro que aqui é bom reforçar aqueles pontos de limpeza e meditação com o baralho! Tendo esse cuidado acrescido considero que é, no meu entender, uma opção válida!

Nota sobre os oráculos! Os baralhos de oráculos não seguem as estruturas de um tarot, os seus arcanos ou símbolos, sendo estruturas livres é bom que venham acompanhados de livros ou que sejam de uso fácil e intuitivo. Por norma utilizo como simples orientadores genéricos, raramente lhes faço perguntas diretas, apenas tiro uma carta. Ainda que a sua utilização seja diferente é possível fazer os mesmos passos de meditação, observação e limpeza, como também é possível utilizar estes baralhos em consultas, com tiragens mais elaboradas.

Mais do que simples cartas o tarot é uma viagem na observação interna, trata-o com o devido respeito e a diversão necessária!